Dácil Castelo, CEO da LedaMC: "Com a Inteligência Artificial, o papel dos analistas de dados vai mudar."

Com mais de 20 anos no setor, a LedaMC continua consolidando sua posição como líder na otimização da gestão de TI e da produtividade do desenvolvimento de software. Nesta entrevista, o CEO Dácil Castelo fala sobre o papel estratégico da tecnologia nos negócios, a importância da qualidade no desenvolvimento de software e como a IA está redefinindo a maneira como as organizações gerenciam informações.
A LedaMC fechou 2024 com crescimento de receita de 6,5%. A que fatores você atribui esse crescimento sustentado nos últimos anos?
Esse crescimento é resultado de um foco muito claro: fornecer valor real aos nossos clientes por meio da eficiência de TI e da melhoria da produtividade no desenvolvimento de software. Na LedaMC, não apenas auxiliamos empresas com gestão de TI, mas também as ajudamos a otimizar custos e melhorar a qualidade de seus projetos.
Além disso, continuamos reforçando nossa aposta na formação e desenvolvimento de equipes, pois somente com profissionais altamente qualificados podemos continuar oferecendo soluções inovadoras e diferenciadas. Ao mesmo tempo, estamos impulsionando a inovação em nosso aplicativo Quanter, que evoluímos continuamente para ajudar nossos clientes a gerenciar melhor seus projetos.
Em um mercado tão competitivo, qual o papel da eficiência de TI no sucesso de uma empresa?
Para nós, ele desempenha um papel fundamental, sem dúvida. Não é apenas uma questão de controle de custos, mas um fator estratégico. As empresas que gerenciam bem sua tecnologia podem inovar mais rapidamente e responder melhor às necessidades do mercado, tomando decisões baseadas em dados objetivos.
Na LedaMC, trabalhamos com um objetivo muito claro: ajudar as organizações a otimizar seus processos de desenvolvimento de software, gerenciar melhor seus fornecedores e garantir que cada euro investido em TI se traduza em valor comercial real. E, em muitos casos, melhorar a eficiência de TI significa mudar a maneira como medimos o trabalho e os resultados, usando métricas que nos permitem comparar o desempenho e tomar decisões informadas.
Cada vez mais empresas buscam se alinhar aos padrões internacionais para garantir qualidade e comparabilidade em seus projetos. A recente publicação do SNAP como um padrão ISO/IEC. Que impacto você acha que isso terá na medição de software e na indústria em geral?
A padronização do SNAP como ISO/IEC representa um grande avanço para a indústria de software. Até agora, muitas empresas têm tido dificuldades para medir o impacto de requisitos não funcionais em seus projetos, tornando o planejamento e a estimativa de custos menos precisos.
Agora, com o SNAP como um padrão reconhecido, podemos medir objetivamente requisitos funcionais e não funcionais. E isso é crucial, porque medir bem não é apenas uma questão de controle, mas de competitividade: as empresas poderão justificar melhor seus investimentos, otimizar recursos e se comparar com benchmarks globais, inclusive os utilizados pela própria União Europeia em suas principais licitações.
Para a tomada de decisão que você mencionou, os dados são essenciais. Agora, a IA está facilitando a interação com grandes volumes de dados usando linguagem natural. Que impacto você acha que isso terá no gerenciamento e análise de informações dentro das organizações?
O impacto é enorme. Anteriormente, extrair informações úteis de grandes bancos de dados exigia muito tempo e painéis complexos preparados por analistas especializados. Agora, com a IA interpretando linguagem natural, qualquer um pode perguntar: "Como foi o desempenho das vendas no mercado X no último trimestre?" e receba uma análise detalhada sem precisar ser um analista de dados.
Isso não significa que não precisamos de analistas de dados, apenas que o papel deles mudará. Anteriormente, eles gastavam muito tempo limpando dados e preparando relatórios. Com a IA fazendo esse trabalho, os analistas podem se concentrar em interpretar tendências e propor estratégias. Porque o importante não é só acessar os dados, mas saber o que fazer com eles.
O potencial é enorme, e as organizações que o aproveitarem corretamente, abordando os riscos de privacidade e confiança dos dados, tomarão melhores decisões e serão mais ágeis. A chave, como sempre, é entender que a tecnologia é uma ferramenta e os resultados dependem de como a usamos.
Na LedaMC, você também está investindo em Inteligência Artificial, que você incorporou ao Quanter para estimativas inteligentes e melhoria de requisitos. Da sua perspectiva como CEO, como essa inovação se encaixa na estratégia e na visão de futuro da LedaMC?
A Quanter é um exemplo claro de como na LedaMC combinamos tecnologia, dados e metodologia para entregar valor aos nossos clientes. Desde que começamos a desenvolver o Quanter, nossa visão tem sido que o gerenciamento de estimativas deve ser simples, confiável e auditável, e a Inteligência Artificial Generativa nos permite dar novos passos nessa direção.
A recente adição do Requirements Enhancement com IAG permite que as empresas otimizem a qualidade de seus requisitos desde o início, reduzindo revisões e garantindo que as estimativas de esforço e custo sejam tão precisas quanto possível. Isso é essencial para garantir projetos mais eficientes e previsíveis.
A Inteligência Artificial, quando implementada corretamente, pode aumentar significativamente a produtividade e a qualidade do desenvolvimento de software. E temos clareza de que devemos continuar inovando para oferecer soluções que permitam aos nossos clientes melhorar a gestão de seus projetos de TI.
eleconomista